segunda-feira, 20 de abril de 2009

As Peculiaridades de uma arte Espírita.


A expressão “arte espírita”, ao longo do tempo, já suscitou variados e constantes debates. De nossa parte, preferimos não polemizar e consideramo-la como sendo a comunicação das idéias espíritas através dos recursos artísticos, encampando, assim, toda e qualquer manifestação criativa do espírito humano. Assim sendo, a par da conceituação dos compêndios especializados sobre “o que é ou não é” arte, preferimos ampliar ao máximo nossa compreensão sobre o vocábulo, para, assim, englobar, inclusive, as construções literárias de nosso tempo. Hoje em dia, com os recursos técnicos da informática, entramos ainda numa nova fase da arte, qual seja a da “arte cibernética”, sem nos importarmos se o produto (resultado) será ou não “consumível”, “financeiramente avaliado”, ou, em última questão, “impresso e exposto”.

A partir desta premissa, procuremos situar o tipo de arte que recebe a adjetivação espírita. Lembramos, inicialmente, que as manifestações do Codificador e dos Espíritos Superiores – mormente no que concerne à definição da “música celeste” e da “arte espírita”, que, em suma, destacam que assim como a arte pagã foi sucedida pela cristã, esta o será, um dia, pela arte espírita, pois, segundo o espírito Alfred de Musset (Revista Espírita, Dezembro de 1860 – A arte pagã, a arte cristã, a arte espírita): “[...] o Espiritismo abre à arte um campo novo, imenso, e ainda inexplorado, e quando o artista trabalhar com convicção, como trabalharam os artistas cristãos, haurirá nessa fonte as mais sublimes inspirações.”

A comparação com a arte cristã é, pois, necessária e inevitável. Ocupando-nos, tão-somente, da observação das obras renascentistas, vamos ter excelentes exemplos para nossa digressão em relação à arte espírita. Onde se encontram, geralmente, as principais obras que transmitem religiosidade e fé, sob a efígie cristã? Nas igrejas, mosteiros e museus, de todo o mundo. Aqui mesmo, no Brasil, se precisarmos analisar a temática cristã na arte, teremos que, necessariamente, adentrar às principais igrejas das metrópoles, maravilhando-nos com a perfeição das formas, a riqueza dos detalhes e a consistência das cores.

Este é, primordialmente, o ponto de partida para nossa análise da profissionalização da arte. Mas, antes que dela nos ocupemos, façamos a seguinte admoestação: a que tipo de arte espírita estamos nos referindo? Isto, é claro, dentro da definição pontual de que “arte espírita é aquela que transmite idéias, preceitos, fundamentos, informações da filosofia espírita, através das suas mais diversas formas de expressão (artística), para expectadores, leitores, ou, até, consumidores”. Digo isto, porque há uma diferenciação específica no tocante ao “uso” da arte. Já explico: há arte espírita feita dentro das instituições espíritas (e para elas), como mormente se costuma considerar o trabalho (notável e oportuno) das secções de educação espírita (das variadas faixas etárias), que utilizam-se dos recursos artísticos para aprender/ensinar os postulados espíritas. É (ou não) arte espírita? Sem dúvida, porque os pressupostos básicos acham-se atendidos (utilização de recursos artísticos e transmissão de idéias espíritas).

Vamos, então, fazer um paralelo. Há, no Brasil, diversas companhias ou grupos de teatro espíritas. Vez por outra, eles visitam a sua cidade, geralmente apresentando esquetes ou peças – as mais das vezes, adaptações de livros consagrados, como os romances de Emmanuel, por exemplo. Apresentam-se, assim, nos melhores teatros das cidades, cobram ingresso e atraem multidões (entre espíritas, simpatizantes e curiosos). Fazem arte espírita? Sem dúvida, porque novamente aqui, atendem aos requisitos estabelecidos como fundamentais (vide parágrafo anterior).

Vejamos outro exemplo: a instituição espírita gostaria de comemorar seu aniversário de fundação ou o do mentor espiritual ou de um antigo trabalhador. Configura e institui um concurso literário ou um de música-tema, tendo como enfoque uma ou outra homenagem. Define-se, pois, os critérios, organiza-se o trabalho do concurso, convidam-se os críticos e julgadores, recebem-se os trabalhos, efetua-se o julgamento e realiza-se, enfim, a cerimônia de premiação dos vencedores e apresentação (ao público) dos trabalhos. É arte espírita? Evidente. Novamente são notórias as premissas daquela. Haveriam outros exemplos, igualmente ricos. Fiquemos por aqui.

No primeiro caso, quase sempre, a tônica é a do amadorismo. São estudiosos, interessados, alguns até expoentes da arte, em uma ou outra “modalidade”, filiados a este ou aquele grupo, ou, até mesmo, profissionais que militam no campo artístico, mas que emprestam voluntariamente suas horas livres a serviço da difusão da doutrina espírita, participando, numa instituição, nas áreas que lhe são mais atrativas e propícias, como o caso da educação. Nos dois outros, há uma maior ou menor profissionalização, na medida em que, no exemplo da peça teatral, o grupo ou companhia “vive disso”, arregimenta pessoas capazes que se credenciam através de cursos, universidades, trabalhos e outros, passando a buscar o sustento pessoal e de sua família, através da profissão artista. No outro, o do concurso (literário ou musical), geralmente são previstos prêmios (muitos em dinheiro), ou, indiretamente, se garante a publicação editorial ou a gravação (em estúdio) e a conseqüente comercialização do(s) trabalho(s) musicais. Este atrativo, inclusive, motiva artistas profissionais (nem todos espíritas ou simpatizantes da doutrina) para criarem seus trabalhos dentro da temática pedida, e, quase sempre, com excelentes resultados.

O leitor já deve ter percebido o real divisor de águas que existe na digressão acima. Em determinadas situações, temos a arte “amadora” e, nas demais, a “profissional”. Pelo visto, vamos aplicar aqui o adágio “daí a César o que é de César” para admitir que a “profissionalização” da arte espírita obedece aos parâmetros de sua configuração, em termos de objetivos e alcance. Qual o resultado que queremos? A que público pretendemos cativar? Com que “espécies” de propostas artísticas pretendemos “competir” no mundo social? Qual o produto que pretendemos colocar no mercado?

Penso, efetivamente, que uma configuração de arte não precisa, necessariamente, anular a outra. Entendo que há espaço, lugar, e até “mercado” para ambas. Há, inclusive, um comercial que vende “assinatura de jornal” que oferece como “brinde” um compêndio e um cd sobre a música popular brasileira, em que o fundo musical aponta para “aqueles que têm fino gosto e apurada percepção musical” (os que gostam da “boa” música), e os que ainda se comprazem com “coisas” como o “bonde do tigrão”. Há mercado para todos, ou, como se costuma dizer nas plenárias espíritas, a atração e o interesse por isto ou aquilo é direcionado pelo padrão evolutivo-espiritual de cada ser. Devemos, então, continuar presenciando apresentações e construções artísticas ainda majoritariamente amadoras na execução, embora possamos estar diante de virtuoses ou grandes valores expoentes das artes. O diferencial, em nosso parecer, está na “estrutura” da apresentação/veiculação e no público que se almeja alcançar.

Fazendo um paralelo com outra área em que militamos – a educação espírita infanto-juvenil – costumamos apresentar o mesmo quadro comparativo: há as instituições que “aceitam” o trabalho, mas nele não investem “um centavo”, nem dão o apoio logístico e moral necessário para a melhoria da atividade, e há as que procuram “colocar cada macaco no seu galho”, credenciando para a tarefa os “especialistas”, que não precisam ser (ou nem sempre estão disponíveis) os pedagogos e professores das escolas e universidades públicas e privadas, mas são aqueles que demonstram um maior “feeling” para a proposta, os quais, quase sempre, mesmo não graduados, participam de cursos de formação/especialização/reciclagem, espíritas e leigos, para um melhor desempenho de seus misteres.

Aqui, como lá, o limite se estabelece entre “profissionais” e “amadores”. E o resultado será proporcional ao conjunto de caracteres que dispensarmos em seu projeto e execução. Em suma, se queremos uma arte de qualidade, necessariamente teremos que destinar aos executores um quantum de recursos e condições que possam desembocar em resultados positivos. É a hora, efetivamente, de se deixar de lado o proselitismo religioso e o espiritismo para dentro das nossas paredes e muros, para apresentar à sociedade a proposta espírita de visão do mundo, das relações interpessoais e das ilações entre o plano dos vivos e o dos mortos. Há, assim, – mesmo mobilizando recursos financeiros e “premiando” financeiramente os profissionais da arte (ou da educação) com salários compatíveis aos de mercado, para propostas mais amplas, – que considerar que o “daí de graça o que de graça recebestes” não inviabiliza a permissão de que aqueles que vivem da profissão arte ou da profissão educação (pois há várias escolas “espíritas”, particulares, regiamente pagas, de norte a sul do país), possam ser aquinhoados de acordo com o “suor de seus rostos”.
Honestamente.

Esta é a nova (?) proposta da arte espírita para o nosso tempo. E, mais uma vez, se não nos “instruirmos” para tal, e nos “amarmos” conforme a dicção espírita, poderemos, uma vez mais, enquanto homens, estarmos passando à frente o archote do conhecimento espiritual, para que outra concepção filosófica ou revelação divina, possa conduzir a contento a Humanidade. Porque nós, uma vez mais, deixamos de lado “o trabalho que seria nosso”.
Viva a arte espírita!

http://www.feal.com.br/colunistas.php?art_id=9&col_id=13

sexta-feira, 3 de abril de 2009

IX Momento da Arte Juvenil Espírita

O IX Momento da Arte Juvenil Espírita (MOARJE) reúne no Teatro Marista, próximo dia 19 (domingo), grupos de música, teatro e dança para apresentações que começam às 14h.
A abertura fica por conta do veterano Luís Verão, seguido do Grupo Espiral de Luz, que faz uma exibição experimental da primeira experiência concreta com dança espírita no Ceará. Jeart Ave Luz, Cantar É Viver, Espírito de Arte e Gotas de Orvalho também se apresentam ao longo da tarde.
A principal novidade dessa edição é o 1º Festival Cearense de Curtas Espíritas. Os interessados podem se inscrever na livraria Sinal Verde, à R. Princesa Isabel, 255, ou, por telefone, com Aristides Barros (85) 8853.2850.
O ingresso para o evento custa R$5,00 e será vendido na hora do evento.

->> Vem aí a 4ª Semana de Arte, Cultura e Espiritualidade do Ave Luz

O Grupo Espírita Ave Luz comemora 17 anos de atividade com uma semana inteira de palestras, estudos e apresentações artísticas. A programação começa na segunda-feira, dia 13 de abril, e prossegue até o domingo, dia 19, com uma série de atividades em torno do tema Jesus, o maior educador da humanidade.

Durante a semana, o evento acontece todos os dias das 19h30 às 21h30, com exposição de tema e apresentação musical. No sábado, o horário é das 8h30 às 12h e das 14h30 às 21h30. E no domingo, o encerramento, acontece das 9h às 12h, com uma supresa programada para o final.

Eis a programação completa, que acontece sempre na sede da instituição, à Avenida A, 220, Loteamento Nova Fortaleza - Jangurussu, próximo ao campo do Conjunto Almirante Tamandaré:

Dia 13

Pedro Patriota (CE): Jesus, o maior educador da humanidade

Luís Verão: apresentação musical

Dia 14

Alcides Lopes (CE): Meu reino não é deste mundo

Grupo Musical Gotas de Orvalho: apresentação musical

Ercília Braga (CE): Há muitas moradas na casa de meu pai

Dia 15

Exibição do filme Os Órfãos

Dia 16

Válter Borges (MG): Parábola do semeador

Grupo Cativar: apresentação musical

Dia 17

Válter Borges (MG): A fé transporta montanhas

Grupo VEM: apresentação musical

Dia 18

Sandra Araújo (CE): Bem aventurados os puros de coração

Ken Williams: apresentação musical

Válter Borges (MG): Espiritismo e Cristianismo (adultos) e Jesus no templo (jovens)

Cantar É Viver: apresentação musical

Romário Fernandes (CE): Jesus e a educação para a morte (jovens) e Bem aventurados os aflitos (adultos)

Espírito de Arte: apresentação musical

Dia 19

Banda Skillmoph: apresentação musical

Válter Borges (MG): Fala aos Jovens sobre Jesus

Grupo Musical Gotas de Orvalho: apresentação musical

Teddy Williams: contação de histórias às crianças
Ao longo da programação, haverá ainda dinâmicas de grupo, evangelização infantil e feira de livros. Maiores informações: (85) 3269-0199 / 3081-7847 / 8779-0786 / 8780-7942. O evento é uma promoção da FEEC e da União Distrital Espírita 5, com realização do Grupo Espírita Ave Luz (GEAL) e do Instituto de Pedagogia Espírita do Ceará (IPE).